Jessé Cavalcanti, o galante dentista.
Assim o descreveu William Vieira, colunista da Folha de São Paulo.
Difícil achar um dentista mais espirituoso e sedutor em Natal do que Jessé Dantas Cavalcanti. Ele arrancava dos pacientes o medo ─ e em seguida, claro, os dentes ─, com piadas e gracejos galantes. Mas costumava se defender do epíteto: “engraçado é palhaço. Eu sou é gracioso”.
Nasceu em 25/02/1921, em Ceará-Mirim, terra de engenhos de açúcar e da família Cavalcanti. Ficou órfão de pai e, aos 5 anos, virou o “homem da família”, pretenso arrimo para a mãe e as quatro irmãs. Teve que se virar e serviu no Exército durante a Segunda Guerra.
Estudou Odontologia no Ceará formando-se no ano de 1944 e veio abrir seu consultório em Natal, onde foi dos primeiros professores da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Fundador da Academia Norte-Rio-Grandense de Odontologia. Foi ainda chefe de gabinete da reitoria. Com ampla cultura humanística, escrevia muito bem, fruto da sua inteligência múltipla e dos estudos, além das constantes e seletas leituras. Aposentado, costumava frequentar missas e ler ─ preferia a literatura de Thomas Mann. Mas uma doença rara lhe tirou a visão e com ela o antigo prazer.
Jessé Dantas Cavalcanti morreu no dia 06/02/2008 aos 86 anos, deixando um legado de honradez, de exemplos nobilitantes e de ética de vida. Cirurgião-dentista, exerceu a profissão de forma competente e digna. Por muitos anos, era distinguido em Natal pelo labor da profissão. Professor da Faculdade de Odontologia da UFRN, alinhou-se a grandes nomes docentes que marcaram com alto prestígio aquela unidade de ensino e pesquisa, a qual passou a figurar entre as melhores do país. Recebeu diversas condecorações e homenagens da UFRN, e dos órgãos representativos da Odontologia do Estado e do Brasil.
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